Dia Mundial da Conscientização Sobre o Autismo: jovem autista aprende Libras para levar inclusão à amiga surda

  • 02/04/2024
(Foto: Reprodução)
Ana Maria Machado começou a aprender a Língua Brasileira de Sinais aos 12 anos para que conseguisse conversar com a colega de sala. Hoje, aos 18 anos, ela cursa faculdade de Letras, Português e Libras e atua como intérprete simultânea em atos cívicos, shows e outros eventos. Ana Maria Machado começou a aprender Libras com apenas 12 anos para ajudar uma amiga Arquivo Pessoal/Fátima Machado Por muitas vezes excluída nas salas de aula Ana Maria Machado, que é uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), se inspirou em uma amiga surda para aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Hoje, aos 18 anos, a jovem de Arujá, na Grande São Paulo, já atuou como intérprete simultânea em atos cívicos, shows e outros eventos. No Dia Mundial da Conscientização Sobre o Autismo, celebrado nesta terça-feira (2), ela conta como driblou o preconceito para fazer carreira na área que escolheu para estudar, trabalhar e - futuramente - dar aulas. ✅ Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp “Eu fui diagnosticada com autismo com um ano e dois meses de idade, junto com a minha irmã gêmea. Desde que começamos a estudar tinha muita exclusão dos alunos, ninguém brincava com a gente e tinha um olhar estranho também. Mas eu continuei estudando, comecei a falar com seis anos de idade e fazia terapia multidisciplinar, que faço até hoje”, conta Ana Maria. Ela ainda é atendida por uma equipe multidisciplinar, formada por terapeuta ocupacional, psicóloga e fonoaudióloga. Com esse trabalho desde a infância, a jovem foi se desenvolvendo, mas ainda se incomodava com a exclusão nas salas de aula. Aos 12 anos de idade ela estudava com Beatriz, que é surda. Para que a amiga não ficasse mais sozinha e excluída Ana Maria decidiu que aprenderia Libras. Esse, então, se tornou o hiperfoco dela. Não demorou para que ela aprendesse o básico da linguagem, o que já aconteceu logo no primeiro ano de estudos na área. "Eu aprendi Libras porque eu me colocava no lugar dela. Ninguém da sala se interessava em aprender a falar com ela e eu sentia a mesma coisa na escola, porque também ficava excluída. Então, eu ajudei ela a interagir e ela me ajudou a aprender", relembra. Participando de atos cívicos e eventos na Câmara de Arujá, Ana Maria sabe interpretar os hinos de Arujá, Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Guarulhos, além do Hino Nacional. Ela também já foi intérprete no show de Guilherme Arantes quando o cantor se apresentou em Arujá. A jovem ainda atuou como intérprete por videoconferência na “Expedição TEAfrica”, promovida pela Associação Osai, que aconteceu na Angola. Leia Também Mãe de alunas autistas cobra autorização para que elas possam ter acompanhantes terapêuticas em escola em Mogi das Cruzes 'Você não tem cara de autista': pessoas com TEA relatam como estereótipos geram preconceito e afetam acesso a direitos Autistas relatam dificuldade e importância do diagnóstico na vida adulta: 'A gente começa a se cobrar menos' Formada no ensino médio em 2023, a jovem agora cursa licenciatura em Letras, Português e Libras à distância, na Unifatecie, do Paraná, onde ganhou uma bolsa de estudos. Estudar é uma das paixões da jovem, que pretende também dar aulas futuramente. "Poder fazer tudo isso é muito gratificante para mim, porque assim eu posso levar acessibilidade e inclusão para pessoas surdas e para pessoas autistas. Eu quero ensinar as pessoas e mostrar que o autista é capaz e que lugar de autista é onde ele quiser estar", ressalta Ana Maria. O apoio familiar Com tantas conquistas nos últimos anos, Ana Maria lembra sempre da importância do suporte da família e também do tratamento multidisciplinar. "É muito importante que as mães e pais atípicos entendam que o diagnóstico não é o fim. É o começo de uma nova fase, de uma nova jornada. É fundamental que os filhos sejam levados para as terapias, que eles estejam nas escolas aprendendo e socializando", afirma. A mãe de Ana Maria, Fátima Machado, concorda e relembra o quanto as terapias foram fundamentais na vida de Ana Maria e da irmã gêmea dela, Maria Luiza. As gêmeas Ana Maria e Maria Luiza contaram com o apoio dois pais Fátima e João para se desenvolverem Arquivo Pessoal/Fátima Machado "Elas foram diagnosticadas com autismo severo e não tinham contato visual, nem coordenação motora. Foi com muita luta, sacrifício e terapia que conseguimos essa evolução. Para mim é muito gratificante, eu me sinto realizada como mãe e pessoa, porque vejo que o meu trabalho está sendo recompensado. Eu pensei muitas vezes em desistir, mas desistir não é uma opção. Levar inclusão e acessibilidade é nosso dever como ser humano", afirma a mãe. Fátima conta que a família e os profissionais ainda estão tentando descobrir o hiperfoco de Maria Luiza, que sabe o básico de Libras. Agora, ela estuda inglês. Assista a mais notícias do Alto Tietê

FONTE: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2024/04/02/dia-mundial-da-conscientizacao-sobre-o-autismo-jovem-autista-aprende-libras-para-levar-inclusao-a-amiga-surda.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Anunciantes